Continuous, entire, universal, long lasting.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Em boas mãos

(Linha de frente, Descartes Gadelha)
----
 Sempre que escuto pessoas se lamentando a respeito das precárias condições da nossa polícia, não tem como não lembrar a história de Pebinha. Pebinha é um cara legal, bastante amigo, sempre foi muito família, com um senso de responsabilidade para com os seus et cetera e tal. Um cara normal, diriam alguns. Apenas um pouco distraído, ressaltariam outros.
Acontece que Pebinha estudou e, para orgulho de toda a família (e um pouco de apreensão da mãe), acabou aprovado num concurso para a polícia – sim, essa entidade em sentido amplo, pouco importando, para essa história, se se trata de estadual ou federal, militar ou civil. O importante é que Pebinha, agora, seria responsável por parte da segurança da população.
Passou por todos os trâmites burrocráticos e entrou em exercício. Lotado em uma lotada delegacia, revezava-se em plantões com seus colegas e, em determinada ocasião em que se encontrava de folga, veio me contar a história de quando o seu preso de confiança…
— Peraí, Pebinha… Quem?
O preso de confiança, segundo Pebinha, seria aquele a quem você confia as chaves da cela, o pagamento de contas, a compra de pizzas nas redondezas… Só não tive coragem de perguntar se também seria possível confiar a mulher.
De toda forma, o preso de confiança trouxe ao Pebinha a informação de que rumores de um motim começavam a se confirmar: detentos da cela um haviam começado a empilhar colchões; os da cela dois não mais gritavam, apenas cochichavam entre si; e os da três repetiam incessantemente, aos berros (mais do que o normal, até), suas exigências.
Resoluto, Pebinha rapidamente tomou uma atitude. Correu a buscar seu instrumento de trabalho na gaveta e, tentando demonstrar haver sido feito, como poucos, para aquele ofício, dirigiu-se ao corredor dos revoltados, gritando energicamente:
— Ninguém se mexe! Enquanto eu estiver por aqui, nenhuma baderna vai acontecer!
Ao mesmo tempo em que vociferava contra os presos, suas mãos suavam ao empunhar um revólver que sequer sabia como utilizar. Maldita hora em que conseguira, com um amigo médico, o atestado para ser liberado do curso de tiro!
A situação, felizmente, foi satisfatoriamente resolvida sem que tenha sido necessário disparar nenhum tiro. Até porque, desatento, Pebinha não vira como o tambor da arma se encontrava: vazio.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Ala dos desesperados

----
Dia desses, em uma roda de conversas, descobri (e acho que eu era o único a não saber dessa regra social) que não é adequado uma pessoa comprometida circular imediatamente em frente a um palco de qualquer tipo de festa. Seria uma espécie de Faixa de Gaza? Ala dos desesperados?
Imaginei o diálogo de um desavisado chegando a essa zona proibida:
— Claudinho, você por aqui!
— Fala, Gil!
— Então, quer dizer que a Aninha tá solteira?
— Oi?
— Ora, se você tá aqui, só pode ter acabado o namoro!
— Não, Gil. História é essa?
— Ah, ainda tá com ela?
Cara de decepção.
— Claro, né.
— Então, o que você tá fazendo aqui? Nananinanão, volta lá pra trás que aqui você não pertence. Afinal, nessa parte, vale tudo mesmo!
— Mas…
— A não ser que você me pague umas duas doses de uísque e um energético: aí, sim, eu te deixo circular por aqui e fico de bico fechado. Nem a (suspira) Aninha vai saber que você andou por aqui, nem esses praieiros-guerreiros-solteiros vão saber que você não faz parte da turma. Inclusive, ó, tem ali a Vanessinha, que você já pode ir chegando nela. Gente boa, bonita – quer dizer, mais ou menos, né, mas é o que temos pra hoje! Ei, Claudinho, onde cê vai, cara?
Ele havia dado as costas para voltar correndo aos braços da Aninha e proibi-la: ela nunca mais chegaria a menos de cem metros de Gil.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

TEXTO ANTIGO - Pais e filhos

Garimpando, meus pais acharam esse texto meu, escrito no ano de 2000, para participar de um concurso literário. Sem qualquer juízo de valor, publico-o aqui, para leitura de todos. Não sei se vocês gostarão, mas eu me diverti bastante resgatando essa parte da minha história.

----

Estamos em dezembro de 2000. Eu, minha esposa Lúcia e meus cinco filhos (Eduardo, Elton, Edil, Emma e Emily) passamos por um ano um pouco conturbado. Não em questões familiares (relacionamo-nos perfeitamente bem), mas economicamente falando.
Sou vendedor. Lúcia está desempregada no momento. Então, eu sou praticamente o único a colocar dinheiro dentro de casa.
No mês de dezembro de 1999, recebi meu décimo terceiro salário, que seria para pagar algumas dívidas, pequenas, mas que incomodavam. Seria, mas não foi devido à sede de consumo que todos dessa sociedade consumista em qual vivemos têm.
Não entendo o porquê de algumas datas e tradições. Por exemplo: para que o dia das crianças, dia das mães, dia dos pais? Pior: para que dar presentes em todas essas datas? É um dos problemas da sociedade capitalista, sempre gastando mais do que se é permitido. Em pouco tempo, se não cuidarmos, não existirão dias em que não se presenteie alguém.
Pois meus filhos quiseram, no ano passado, presentes de Natal. Todos eles inocentes, imaginando Papai Noel trazendo tudo o que desejavam. Os pais devem me compreender, saber que partir o coração de uma criança, ainda mais de seu filho, tirar-lhe o sonho do “Bom Velhinho”, é senão crueldade.
Dei aos meus filhos os presentes que queriam. E fiz à minha mulher uma surpresa, já que ela esperava ganhar nenhum presente. Na “caridade”, acabei com todo o dinheiro que me seria útil.
Mas foi por uma boa causa, pois a expressão de felicidade de cada um deles ficou na memória.
Infelizmente, essa expressão não se repetiu. Ao longo do ano, não consegui pagar as dívidas antigas e acumulei novas e maiores.
Agora, em dezembro de 2000, meus filhos todos já sabem da inexistência de Papai Noel. Estou prestes a receber meu décimo terceiro salário, e me fiz uma promessa: não comprarei presentes. Guardarei todo o dinheiro para saldar as dívidas.
Mas não consigo cumprir tal promessa. Quando vejo os rostos dos meus filhos, o espírito natalino instala-se em mim, lembro-me dos sorrisos deles ao receberem os presentes no ano anterior, a imagem de Jesus me vem à mente, e digo para mim:
- Ah! droga de sociedade! Minha família não tem culpa. Só mais esse ano...

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Passagens - I

(Aldemir Martins, O Palhaço)
----
Primeira viagem para o exterior a gente nunca esquece. E o primeiro destino, em um mochilão por treze países diferentes, a gente sempre lembra com um carinho ainda mais especial. É assim, então, que Madri aparece na minha memória.
Quase seis meses longe daquela que me atura até hoje, guardo todas as cenas daquela cidade na minha cabeça: o reencontro em Barajas (depois de horas de ansiedade, mais agravadas ainda pelos voos perdidos em Lisboa), o transporte de malas pelo metrô, as caminhadas procurando o albergue. O elevador old school, o quarto digno de um três estrelas no Brasil, a recepção por uma marcha gay que passou em frente ao albergue assim que a porta foi aberta. Os pontos turísticos. Os kebabs. Os McDonalds, Burger King e cafés a cada quarteirão.
Mas o que mais me marcou foi um acontecimento trivial. Bobo, até.
Viajando, o senso de liberdade havia se aguçado. Em mim, isso se expressava em uma vontade líquida: um copo de cerveja no meio da rua, no meio do nada.
Um copo, não; poderia ser uma caneca de chope ou uma long neck. A única condição era que fosse apreciada enquanto eu caminhava pelas ruas, como se nada mais fosse me deter. E, a cada passo dado, a vontade crescia mais e mais. Até o ponto de virar desejo.
Ela, do alto da sua experiência quase semestral naquele habitat, decidiu me alertar:
- Olha, cuidado. Tem canto aqui que é proibido beber no meio da rua.
Cego pelo meu desejo, fui a uma mercearia, chamei o vendedor e, no meu portunhol aprendido em três anos na casa de cultura hispânica, indiamente perguntei:
- Hola. Cerveza?
Enquanto ele me passava a garrafa e o preço, me lembrei de dar ouvidos ao alerta feito por ela. Afinal, não queria, no primeiro dia, ter complicações legais no estrangeiro.
- Señor... Puedo beber encuanto camino?
A cara de surpresa do vendedor, como se aquela pergunta fosse a mais absurda do mundo, me deu um indício da resposta que viria.
- Claro que sí!
Alívio. Abri a garrafa e, antes mesmo de terminar o tsss, ele deu o arremate que me marcou até hoje:
- Sí, se puede tomar. Pero, si la polícia lo vé, pagará una multa.
...

Com esse raciocínio, aprendi: sim, posso fazer qualquer coisa. Se for errada, só não posso ser descoberto.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

TEXTO ANTIGO - Conto de Natal I

(Raimundo Cela, Duas épocas)

----

É Natal. Todos festejam. Não sei qual é a causa de tanta festa. Já comemorei o nascimento de Cristo outrora, mas agora não tenho motivos suficientes para tanto. Afinal, minha vida resumiu-se a ver o sol nascer quadrado todos os dias depois de um acontecimento.
Há cinco anos, minha vida estava razoável. Morava em um barraco, no Morro da Mangueira. Constituía família, com cinco filhos nela (um deles estava com câncer). Eu saía, trabalhava, vivia feliz e conseguia dormir. Até a chegada do fatídico Natal de 1995.
Meu filho doente pediu-me um rádio de presente. Mesmo sem dinheiro, não consegui recusar. A vida dele já era tão sofrida! A recusa de um simples rádio o faria ficar mais deprimido ainda.
Saí, procurando um rádio barato. Mas todos custavam mais do que eu podia pagar.
Tentei fazer algumas horas extras no meu trabalho, a fim de que pudesse arrecadar mais dinheiro para pagar o rádio, mas mesmo assim ainda não dava. Entrei em desespero.
Surgiu-me a péssima idéia de roubar. Se não fosse por ela, hoje estaria comemorando o Natal em casa, com a minha família. Mas o que um pai não faz por um filho? Ainda mais por um com doença tão grave!
Enquanto corria, deixei-me levar pelo pensamento e fiquei imaginando a satisfação do meu filho ao receber o tão esperado presente. Pensei tão fixamente a ponto de não ter visto a aproximação dos policiais. Lutei, mas foi em vão. Quando percebi, já estava algemado. Levaram-me preso.
Tentei explicar ao delegado a minha situação, na esperança de que o espírito natalino o fizesse ter compaixão alguma vez na vida. Mas ele disse todas as histórias de policiais, que a lei tem que ser cumprida, roubar não é justo... Enquanto ele falava, pensei: “mais vale um rádio do que a felicidade de uma criança? Essa sociedade está errada!”.
No primeiro ano, minha família ainda me fazia visitas. Mas, agora, todos ficam em casa. Até acho que minha mulher conseguiu outro marido, mas rico, que consegue pagar tudo para ela e satisfazer meus filhos. Será que eles não entendem que roubei pela felicidade da família?

Então, feliz Natal. Para você, pois não tenho motivos nem força para tal comemoração.

----

Garimpando, meus pais acharam esse texto meu, escrito no ano de 2000, para participar de um concurso literário. Sem qualquer juízo de valor, publico-o aqui, para leitura de todos. Não sei se vocês gostarão, mas eu me diverti bastante resgatando essa parte da minha história.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O objeto do estudo x o estudo do objeto (análise de Nilto Maciel a "Tardios Manuscritos Juvenis")

Cinco horas de lubricidade (Nilto Maciel)


Ando, de novo, sem tempo para leituras demoradas. Acicatam-me as têmporas dois projetos faraônicos: um romance (o personagem central é Antonho Mendes, devotado há anos a inventar histórias sertanejas na terra do futuro Antônio Conselheiro) e um ensaio (a história recente da literatura cearense, a partir de 1970).


        Em razão dessa minha entrega total aos dois edifícios (tenho dormido, no máximo, quatro horas, a cada volta da Terra sobre si), pedi ajuda a Cleto Milani: “Se minha dedicação a um opúsculo demorar uma hora, a sua deve durar duas. Em uma hora de conversa, rabiscaremos uma resenha”.

Dei início a esta nova fase de leituras/comentários, com cinco coletâneas recebidas em outubro passado: Dueto para sopro e corda, 2ª edição (Fortaleza: Expressão Gráfica, 2013), de Jorge Tufic; Nação Poesia – Antologia poética (Florianópolis: Edições A Ilha, 2011) e Borboletas nos Jacatirões (Blumenau: Hemisfério Sul, 2007), de Luiz Carlos Amorim; O Clube dos Feios & outras histórias extraordinárias, 2ª edição (Rio de Janeiro: 7Letras, 2013), de Carlos Trigueiro; e Tardios manuscritos juvenis (Fortaleza: Vocabulário UM Editora, 2011), de Rafael Caneca.

Se me não engano, conheci a primeira edição do Dueto, pois sou devoto de Tufic há milhares de anos. Afundei-me nos contos de Trigueiro também ainda na primeira leva e cheguei a comentá-los. Como não costumo me enganar, não aceito ser enganado. Agarrei o celular e achei Cleto: “Como anda sua oficina?” “Excessivamente bem, doutor. Estou com três alunas maravilhosas...” Como fosse iniciar formidável mentira, mudei de assunto, bruscamente: “Você já examinou alguma destas publicações?” E citei, uma a uma, as cinco mencionadas no início desta crônica. “Não faço ideia das obras e, menos ainda, dos autores. São bons? Você recomenda a leitura delas?” Num piscar d’olhos, bateu ao meu portão. Conversamos por dez minutos, tomamos café (Alice, a minha, aparentava ter amanhecido com veia boa) e lhe passei o pacote. “Volte quando conseguir desvendar tudo”. Ele me obedece cegamente.

Não demorou três dias, bateu à minha porta. “Alice, vá receber o nosso ancião. Porém, tenha muito cuidado com a mão direita dele”. Riu, saiu, a serpentear, pelo corredor, e voltou, mãos dadas com o sátiro do Benfica. Ela se enfiou na cozinha; ele, com sorriso de libertino, devolveu-me os impressos e pousou no sofá. Quase não abri o bico. E o devasso, sem concorrente, demonstrou o quanto sabe tagarelar:

O Dueto para sopro e corda, de Jorge Tufic, é dividido em duas partes: sonetos e poemas. Ora, Nilto, sonetos também são poemas”. Fiz ouvidos de mercador. “O velho sabe sonetar, quer com rima, quer sem ela. E isto o torna bom poeta”. Completei: “Também”. Como se não desse importância a mim, o visitante voltou à análise: “Alguns sonetos não têm divisão estrófica, sem justificativa, pois todas as estrofes teriam ponto no final do último verso”. Tomei-lhe a palavra: “Uma das características da poesia de Tufic nesse inventário é a homenagem a poetas brasileiros e estrangeiros. E isto o torna mais encantador”. Com a intenção de me espicaçar, Milani quis saber se havia homenagem a mim, na coleção. Não vi; isto, no entanto, não o torna menor aos meus olhos. Pois, quem modela versos como estes, não pode ser pequeno ou médio; é grande: “O poeta é um barco / por ele mesmo / desnavegado. / Se acontece haver porto, / outros portos flutuam / de atlântidas / submersas”.

Chegado o momento de Luiz Carlos Amorim, entreguei ao vetusto habitante do Benfica os dois volumes: “Solte o verbo, meu amigo”. E ele me atendeu: “Em Nação Poesia: Antologia poética, a poesia beira a ingenuidade. Tanto no modo de expor os conceitos (próximo do coloquial), como nos assuntos tratados”. E soletrou uns versos: “No meio da madrugada, agarro com tanta ânsia / as asas brancas de um sonho”.  Passamos ao segundo tomo: “Impliquei com o título; nunca li nem escutei o vocábulo jacatirões”. Recriminei-o: “Isso não tem importância. Por que você não centra sua análise na prosa do poeta? Você viu como a crônica ‘Meu pé de jacatirão e as borboletas de Quintana’ é recheada de poesia? Vamos reler um trecho? ‘É manhã de domingo e o dia está triste, cinzento. O sol não saiu. Abro a janela e vejo meu pé de jacatirão com suas flores vermelhas, brancas e dessas duas cores misturadas, muito vivo’”. Cleto me cutucou, como se houvesse alguém na sala, além de nós: “A última frase me parece incompleta; falta-lhe um verbo, talvez”. Fiz o papel de embromador: “O estilo de Amorim deve ser este”.  

Dei total liberdade ao meu convidado: “Critique à vontade esse excepcional Carlos Trigueiro”. Pôs-se a passear pel’O Clube dos Feios: “Você tem razão: os assuntos tratados pelo contista fogem completamente ao trivial da literatura brasileira. A começar pelo primeiro conto, o do clube dos feios”. Analisou cada uma das peças e assim concluiu o comentário: “Trigueiro narra com a intenção de entreter o leitor. Em vista disso, o dialeto literário utilizado é o mais comum possível. Até criança na primeira fase do aprendizado escolar gostará das histórias extraordinárias desse amazonense singular. Nenhum malabarismo verbal, nada de vocábulos do outro mundo, mesmo quando se refere a ‘hunos de clavas estruturalistas’ ou a ‘contabescer é o destino do homem’”. Interrompi-o. Precisávamos correr. A secretária do oftalmologista me telefonara cedo: “Seu Nilto, não se esqueça da consulta, hoje, às 17 horas”.

Observei o relógio: “Dedique trinta minutos a analisar os contos do jovem Caneca”. Agarrou os Tardios manuscritos juvenis e iniciou a tagarelice: “Uma das particularidades da dicção de Rafael é a uniformidade. Ele nunca se excede, nunca se desvia do caminho traçado. O ledor não é levado a surpresas ou mistérios. Não há atrevimentos inesperados dos narradores, apesar de um deles chasquear de quem usa clichês”. Eu me embasbacava. Como pode um crítico ser tão corrosivo? Ao contrário de Milani, vejo no jovem escritor a melhor das intenções: a de contar histórias curtas, do cotidiano dos brasileiros, sem a pretensão de demonstrar eruditismo ou de experimentar linguagens de difícil entendimento. Ele não revela tudo, deixa por conta do leitor o preenchimento das lacunas, das entrelinhas. Exemplo disso está na primeira história (“Pulse”): o protagonista (apresentado por voz onisciente), apesar de ser cidadão normal, que ouve música, trabalha, bebe cerveja, se mostra como pessoa solitária em crise. E qual seria essa crise? Nem se sabe a idade do rapaz. Ou se mora só, se tem namorada, onde trabalha, se ainda estuda.

Mirei outra vez o relógio e anunciei necessidade de me retirar e encarar o oftalmologista. Milani me sondou, da cabeça aos pés, com desconfiança: “Ou irá espiar o mundo de Cecília?”

Fortaleza, 2/4 de novembro de 2013.

----

Para saber mais sobre Nilto Maciel, o autor da análise: http://www.niltomaciel.net.br/

A emoção não me deixa tecer comentários agora. :)