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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Desabafo de um exilado

(Aldemir Martins, Caranguejo)
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“Pior do que a raiva é a tristeza”. Essa é uma verdade que se aplica a todos os relacionamentos, inclusive aqueles que envolvem um homem e sua cidade. E é, exatamente, como eu venho me sentindo.
Ando triste contigo, Fortaleza. Tu, que sempre foste minha fiel companheira, por quem sou perdidamente apaixonado desde que nasci; tu, que foste homenageada por mestres de tantas artes, cantores, escritores, pintores, devido à tua história de dar orgulho aos teus filhos (naturais ou adotivos) e à tua beleza inigualável; tu, que frequentemente posas em capas de revistas e estás acostumada a receber, de braços abertos, quem te visita; tu, Fortaleza, tens, no entanto, tratado mal os que te amam.
Sei que a culpa não é exclusivamente tua – é mais nossa, para falar a verdade. Mas é que fomos educados a frequentar tuas praças e parques quando crianças, jogar bola nas tuas ruas (e só parar quando, eventualmente, um carro teimasse em aparecer, que era prontamente vaiado para que não ousasse retornar tão cedo), ir à vendinha da esquina comprar balas sem calibre e com açúcar, pegar ônibus para ir a qualquer lugar e a qualquer hora. Fomos educados a te viver e a te curtir, Fortaleza.
Cedo aprendemos que o teu caranguejo mais saboroso se encontrava quinta à noite na Praia do Futuro; que nas férias tu não paravas: de segunda à segunda, podias ser desfrutada, tivesse dinheiro ou não teu filho. Jovens, sonhávamos em adquirir a independência (“mãe, vou sair. De ônibus mesmo, volto mais tarde”). Não havia problema nisso, não havia perigo: era nosso sonho!
Era.
Hoje, nada disso existe mais. Teus filhos deixaram de te usufruir, minha Fortaleza. Passamos a viver encastelados, reclusos em pseudo paraísos com grades, fumês, seguranças armados, cães e câmeras vinte e quatro horas. Isso foi antes ou depois dos teus maus filhos começarem a te violentar sistematicamente, minha Fortaleza?
E isso importa? O que importa é que já não posso andar feliz junto a ti. Flagro-me desviando caminhos, evitando pedaços teus que fazem parte da minha vida; me pego nervoso ao ter que te encontrar em cantos sabidamente indesejáveis – e eu, um ateu convicto, me vejo nesses momentos rezando fervorosamente.
A verdade, minha Fortaleza, é que já não sei se o caranguejo de quinta à noite na Praia do Futuro ainda é o melhor; não sei se há vendinha na esquina e se ela comercializa balas doces ou apenas as de grosso calibre; nunca tive meu carro vaiado por crianças jogando bola na rua (elas ainda jogam bola fora de seus computadores, videogames e tablets?) nem me atrevo a passar dois minutos sequer em tuas paradas de ônibus.
Ando te evitando, minha Fortaleza. Foi ótimo enquanto durou, mas estou triste contigo. Mando notícias de onde eu for. Porque, por mais que me doa dizer isso, hei de admitir: nosso relacionamento, infelizmente, chegou ao fim.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Lá vem doismilequatorze dobrando a esquina...

(Heloísa Juaçaba)
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 Olá, meus amigos!

Arrá! Doismiletreze já pertinho do fim e você pensou que ia ficar sem minha quase já tradicional (que eu sempre tento fazer pequena, mas nunca consigo!) mensagem de final de ano, não é? Ledo engano! Como sou brasileiro, deixei tudo para a última hora. :) Minto, quis deixar apenas para essa semana por um motivo especial – sobre o qual falarei depois.

Doismiletreze foi um ano de mudanças. Profissionalmente falando, dei início àquilo sobre o qual falei no e-mail do ano passado: foi meu primeiro ano novamente em uma faculdade. Pois é, pra quem não sabe, comecei esse ano a cursar Letras na UFC, e quanto a isso só tenho uma coisa a dizer: corram em busca da felicidade de vocês. Vocês serão bem mais felizes quando deixarem de fazer alguma coisa buscando aprovação dos outros e passarem a se preocupar apenas com a própria felicidade. O resto, podem acreditar, é consequência.

Desde que comecei a correr atrás dos meus sonhos, conheci pessoas novas com objetivos semelhantes aos meus e vi que é possível, sim, fazer aquilo de que gostamos. Fiz um curso de escrita criativa, mantive contatos com muitos escritores, participei de eventos literários (um abraço pro pessoal da FLAQ e do I Simpósio sobre Literatura Cearense), fui entrevistado em rádio, revistas etc. Alguns planos foram adiados, outros estão em caminho de se concretizar, alguns mais foram realizados; mas a vida é feita exatamente disso – ou alguém realiza tudo que quer assim, "de pei-bufo"?

Ainda sobre o que fiz em doismiletreze, acho que consegui cumprir a minha principal meta para esse ano. Passei a cuidar mais de mim mesmo, e fica aqui outra dica para vocês: preocupem-se com a saúde. Tanta gente próxima de mim sofreu coisas que eu não sei se conseguiria aguentar – não cabe aqui dizer quem sofreu o que, só mando aqui um abraço e um beijo para vocês, que sabem quem são –, foi uma avalanche de acontecimentos… Preocupem-se, cuidem-se.

Mas não em demasia. Não entrem em paranoia, não achem que está tudo errado… Em síntese: vivam e cuidem-se. É aquela velha história do "copo meio cheio ou meio vazio" (todo mundo conhece, né?). Faço então uma pergunta: o que é mais fácil, um copo meio vazio esvaziar-se ou um meio cheio? :)

Viver: a palavra-chave é essa. E viva com um sorriso no rosto, leve a vida com mais leveza. E, nesse ponto, deixo o mesmo recado que deixei ano passado (foi tão importante que muita gente veio me agradecer depois, por isso que vou repetir): deixemos de tanto mimimi. Aquele amigo começou a namorar e deu uma sumida? Relaxe, convide o casal para tomar um vinho, jantar, fazer uma viagem... Aquele outro não entende que você está concentrado nos estudos e/ou no trabalho? Explique a situação para ele, não fique apenas reclamando – tenho certeza de que, se for seu amigo, ainda que continue sentindo a sua falta, ele vai entender. Seu time perdeu, bateram no seu carro, apertaram a campainha e saíram correndo? Sorria e bola pra frente, a vida é muito mais do que isso. Pois, como disse uma grande amiga, "sempre acreditei que tudo tinha uma razão de ser e que um dia o que era ruim iria passar, como de fato passou. […] Se seu ano foi ruim ou seus últimos anos não foram gratos, eu te prometo: vai passar! Um dia, se você trabalhar para isso e se tiver paciência, tudo vai mudar para o melhor!"

E, sobre mudar para melhor, retomo apenas o começo do meu texto. O motivo especial que falei foi que, em doismiletreze, resolvi tomar o passo que vai, com certeza, mudar minha vida para sempre: pedi a Gabi em casamento. E, o mais impressionante: ela disse sim! :) Sábado passado (por isso que deixei o texto apenas para essa semana), fiz uma surpresa para ela e agora podemos oficialmente dizer que estamos noivos. :)

O ano não poderia terminar de melhor forma! Posso ter certeza, então, que, com um início desses, doismilequatorze promete!

São essas, pois, as minhas palavras neste final de doismiletreze, acompanhadas dos já tradicionais pedidos de desculpas aos amigos e à família por não estar presente sempre que solicitado. Prometo tentar melhorar em doismilequatorze! :)

Abraços e beijos para todos!

PS.: Para quem quiser me acompanhar, afora facebook (Rafael Caneca), twitter (@rafaelcaneca), instagram (@rafaelbcaneca), também mantenho um blog em que publico alguns textos de vez em quando: http://rafaelcaneca.blogspot.com.br . Sinta-se à vontade para entrar, compartilhar, criticar… :)