Mudou-se. E mudou. Antes extrovertido, tornou-se mais introspectivo. Passava mais tempo em casa, não se entrosava com os demais. A Mãe preocupava-se; o Pai, por sua vez, com a cabeça cada vez mais afundada nas dívidas contraídas, e que necessitavam, urgentemente, ser sanadas, nem gostava de discutir o assunto. Para ele, a questão se resumia em uma única frase:
- É a idade.
Tudo culpa da pré-adolescência.
- Imagina quando esse menino for adolescente... – costumava acrescentar depois.
Na verdade, o que os pais não sabiam era que havia um motivo específico para a mudança de comportamento do Filho: a escola nova.
Não que o ensino deixasse a desejar – ao contrário, era uma das melhores da cidade, seja em infra-estrutura, seja no corpo docente, seja na carga horária... Enfim, didaticamente, não havia do que se queixar.
No entanto, infelizmente, escolas são feitas, também, por alunos. E alguns que lá freqüentavam eram da pior espécie – talvez por seus pais terem aberto mão de sua educação por acharem que, devido ao fato de ser uma escola cara, ela é que deveria cuidar da educação de seus filhos.
Garotos mimados, recém-saídos de filmes estadunidenses pré-fabricados para adolescentes, que achavam que o dinheiro poderia comprar tudo, inclusive a humilhação sofrida por quem quer que fosse. E pelos quais Filho não sentia ódio, raiva, nem qualquer outro sentimento correlato; sentia asco.
Portanto, como interagir com elas?
Você conseguiria, caro leitor? Se sim, diga-me como: dissimulando?; sendo falso? Nada disso era do feitio do Filho.
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