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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Nova reforma da língua portuguesa brasileira

Dia desses, estava conversando com amigos sobre palavras e locuções pouco empregadas na língua portuguesa brasileira. Pudera! Algumas delas, francamente... Todavia, todos concordamos em que uma das mais injustiçadas é oxalá.

Oxalá. Uma interjeição? Uma preposição? Uma dúvida? Uma exclamação? NDA? Pouca gente responde. Menos ainda, com convicção. Só sabemos que é uma trissílaba (o-xa-lá) oxítona (oxalááá), cuja escrita fonética é... Tá, na verdade, não sabemos isso. Parafraseando Humberto Gessinger & Engenheiros do Hawaii, pra ser sincero não sabemos nada, então; as únicas informações que temos nos são inúteis. Assim como em diversos outros campos da vida.

Quiçá (opa!) o desconhecimento do correto uso do oxalá seja fruto de ignorância, preconceito e pré-conceito da sociedade brasileira, que liga automaticamente seu significado à macumba, uma religião majoritariamente considerada marginal. Como robôs, as pessoas preferem soltar um “se deus quiser”, posto que algumas delas sejam ateias, a falar algo relacionado a Ogum.

Reparem, contudo, em qual soa mais forte: um composto “se deus quiser” ou um simples oxalá? “Se deus quiser” já vai minguando, nem parece que a pessoa deseja de verdade; oxalá, entretanto, passa a ideia exatamente contrária: sua tonicidade na última sílaba (olha a importância de saber que ela é oxítona!) permite uma exclamação alta, crescente, refletindo um desejo que aumenta progressivamente até a sua realização.

Por isso, pedimos encarecidamente: revejam o léxico de vocês; tornem seus anseios cada vez mais fortes pela simples substituição de uma expressão por uma curta – porém impactante – palavra. Quiçá assim ela encontre seu devido lugar na boca do povo.

Oxalá!

Um comentário:

Carlos Henrique (Kaique) disse...

Olá,

O nosso oxalá é uma de nossas muitas heranças mouras, existe também na língua castelhana como "ojalá", vem de "wa xa illah" que quer dizer exatamente "queira Deus".
O Oxalá do candomblé, que não é a mesma coisa que macumba, é de outra origem, é o nome de um dos orixás, ou deuses desse panteão africano.

Então, celebremos o osso sincretismo, de tão diversos temos polissemias casuais das mais inusitadas.