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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

About me

(Rian Fontenele, O real sempre nos roerá #22)
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Sempre suspeitei disso, mas hoje tive a confirmação: não sei me definir.
Não sei se devo ir pra um psicólogo, pra um psicanalista, pra baixa da égua ou catar coquinho, mas, acima de tudo, descobri hoje que não sei me definir.
Pediram para eu mandar algumas informações pessoais para que fossem inseridas no site de um evento em que serei o mediador (I Simpósio de Literatura Cearense, vamos?). Isso foi duas e meia da tarde. Parecia algo simples, um parágrafo só, jogo rápido.
Mas só consegui enviar o texto dez da noite. Foi difícil escolher o que citar, o que esconder, o que ressaltar.
Digo que torço São Paulo, que escuto rock desde criança, que gosto de ler e escrever, que tive muitos contatos virtuais com os quais me correspondia via carta – mural da turminha da Mônica, bate-papos do ZAZ, Terra, UOL, ICQ? Digo que namoro há mais de cinco anos com uma mulher sensacional, linda, carinhosa e que só ela pra me entender do jeito que sou (tá, sem mais propagandas)?
Digo que gosto de café, cerveja, viajar, o mar? Digo que escuto Falcão, que nunca usei drogas (nunca botei nem mesmo um cigarro na boca), que era primeiro de sala e, por muito tempo, fui café com leite? Digo que já colei, pesquei, fui pra aula de ressaca e já discuti com os amigos por besteira?
Digo que meus amigos não aguentam mais minhas piadas, enquanto muitas outras pessoas me acham tão sério? Digo que alguns me acham um jovem velho, outros um velho jovem, e aqueloutros não têm nenhuma opinião formada a respeito?
Digo? Ou escondo? Mas isso fala alguma coisa sobre mim?
Sobre mim... Eu nunca soube o que colocar nesse campo em branco em perfis de redes sociais! Por isso que sempre ponho a citação: “odeio o escritor que me diz tudo”. Anotei-a há muito tempo em uma caderneta (digo que mantenho uma caderneta com anotações importantes – ou não tão importantes assim – há alguns anos?), acompanhada de sua autoria, M.A.
Acho, então, que foi o Machado de Assis quem escreveu isso – mas, se eu não sei nem quem sou, como é que vou ter certeza de quem escreveu ou disse uma simples frase?

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