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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Feicibuquianas (parte I)


Não sabia qual era a vez que aquilo acontecia a Bel, mas, diante do seu apelido – Camaleão –, tinha certeza absoluta de que estava bem longe de ser a primeira. Na verdade, sempre foi assim, desde a infância: novo grupo, novo personagem.
Já se havia mostrado comediante, introspectivo, tímido, extrovertido, rico, pobre, inteligente, abobalhado; um cara de muitos amigos, com cara de poucos amigos, ligado na família, dependente da namorada; alguém que sabia enfrentar as adversidades da vida, alguém que baixava a cabeça para elas; bem-humorado, mal-humorado, triste, sisudo...
Acima de tudo, o principal é que sempre fizera todos acreditarem que ele realmente era daquele jeito. E, no final, isso acabou se transformando no seu maior problema. Afinal, a partir do momento em que ele passou a se incluir naquele grupo e acreditar, ele também, que poderia ser todos aqueles caracteres, não soube mais se definir. É por isso que, até hoje, seu “quem sou eu” permanece sem resposta.
E, quando alguém tenta preenchê-lo, acaba caindo em contradição com quem já o tentara anteriormente: as máscaras estão lá, superpostas, amalgamadas, dificilmente separáveis. Ele sabe que o único que pode fazê-lo um dia é ele mesmo, mas teme que, no final, só reste um rosto desfigurado, retalhado, indefinível. Se isso acontecer, como se apresentará aos outros?

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